Quinto título da discografia de Riachão, “Onde eu cheguei, está chegado” está no mundo, disponível nas plataformas de streaming. A obra se tornou póstuma após o mestre do samba falecer aos 98 anos, em 30 de março de 2020, apenas quatro meses depois do festejado anúncio da seleção do seu projeto de produção de um novo álbum solo no edital Natura Musical.
O conteúdo permanece o mesmo, com 10 canções inéditas escritas pelo artista, que já tinha gravado algumas vozes, recuperadas e agora utilizadas em quatro feats com nomes de peso: Criolo e Martinho da Vila cantam com ele, Beto Barreto se junta com sua guitarra elétrica e o neto Taian traz a carga afetiva familiar.
Completando o time de ouro da música brasileira na interpretação das demais faixas, estão Teresa Cristina, Pedro Miranda Roberto Mendes, Josyara, Enio Bernardes, Juliana Ribeiro, Fred Dantas, Nega Duda e Clarindo Silva, tudo sob a produção musical de Caê Rolfsen e Paulinho Timor.
As músicas “Sou da Bahia”, “Tintin”, “Uma vez na janela”, “Sua vaidade vai ter fim”, “Saudade”, “Sonho do mar”, “Samba quente”, “Oh, Lua”, “Morro do Garcia” e “Homenagem a Claudete Macedo” também reúnem outros 20 musicistas que tocam instrumentos de cordas, percussão e sopro, além do coro presente em quase todas as faixas.
Animado com a vida como sempre, Riachão havia escolhido o título do álbum, que seria “Se Deus Quiser Eu Vou Chegar aos 100” – o que infelizmente não aconteceu. A morte do autor de clássicos como “Cada Macaco no Seu Galho” e “Vá Morar com o Diabo” parecia impedir o seguimento do trabalho que tanto o mobilizou e alegrou até o fim.
Seria possível dar novo sentido ao que ele tinha planejado? Uma reviravolta se deu, a reformulação aconteceu, os trâmites técnico-jurídicos procederam longamente e a Giro Planejamento Cultural, empresa realizadora do projeto desde sua inscrição, tornou tudo uma justa homenagem à eternidade do pioneiro e mais longevo sambista da Bahia, com patrocínio de Natura Musical e do Governo da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.
“Este projeto resulta de um senso de compromisso cultural com a Bahia e o Brasil no que diz respeito ao fortalecimento e prolongamento das criações musicais deste grande cantor e compositor”, diz Joana Giron, da Giro Planejamento Cultural, que contextualiza como ele havia voltado a compor após anos sem atividade: “Quando ele morreu, estava extremamente animado com o projeto e o disco estava em processo de escolha de repertório. A readequação de tudo não foi simples, mas, quase cinco anos depois, cremos que estamos prestando a homenagem mais à altura de Riachão possível”, completa.