O rapper, professor e poeta alagoano Vitor Pirralho lança nesta sexta-feira (05) o EP Algo Ritmo Loga Ritmo. Realizado de forma remota e de forma colaborativa, o EP uniu quatro profissionais em dois estados diferentes. Em Alagoas, Vitor Pirralho e Carlos PXT, DJ e beatmaker responsável pelas bases, no Rio de Janeiro, Maurício Negão, guitarrista que cedeu os riffs que enriquecem os beats, e Cristhian Almeida, engenheiro de som e produtor musical que assina a mixagem final.
“É uma ressignificação dos meios de produção. As tecnologias são mais avançadas e mais acessíveis hoje em dia, estou aproveitando isso. Meu parceiro, Carlos PXT, sempre me apresenta as bases que produz, eu apresento ideias que tenho sobre letras e melodias e assim um vai instigando o outro e as canções vão surgindo. Para este trabalho, conectamos mais dois parceiros, Mauricio Negão, o mago das guitarras, e Cristhian Almeida, um cientista da engenharia musical. Assim surgiu o EP e, a quatro mãos, remotamente foi produzido”, conta Vitor.
Já no título, Vitor Pirralho dá boas pistas do teor do novo trabalho. “Algo é um anagrama de Loga, que, além de trazer o contexto do EP entre o tradicional e a tecnologia, brincando com o algoritmo e o logaritmo, quer dizer diretamente que alguma coisa que tem ritmo vai se conectar, logar, com ritmo.”, explica.
São cinco músicas inéditas, composições motivadas pelos acontecimentos que marcaram o ano de 2020. Os casos de intolerância religiosa, racismo, o mau uso das redes sociais, seus efeitos, os questionamentos científicos e o realismo fantástico trazido à tona pela série alemã Dark. Tudo serviu de inspiração para as rimas afiadas de Vitor Pirralho, que não abre mão da lírica cuidadosa sempre embasada na literatura.
Abrindo o EP, Tribalogikaos fala sobre as religiões de matriz africana, a intolerância e o racismo sofridos por seus participantes. “Destrinchado seu título, já nos aponta o caminho temático: “tribal+tecnologia+caos”. Fala do ponto de vista de quem é vítima dos preconceitos e é tomado por um sentimento de vingança, elaborando uma maldição digital.”, resume Vitor.
Para a base, Carlos PXT apostou nos timbres da clássica TR-808 (drum machine). O beat usa elementos rítmicos da Crunk Music de Lil Jon, que fez história no Hip Hop dos anos 1990, e um groove influenciado pelo Mangue Beat de Recife.