Com sangue baiano-mineiro-negro-indígena, Dêssa Souza lança EP “Camadas”

Com sangue baiano-mineiro-negro-indígena, Dêssa Souza lança EP “Camadas”

Guiado pelas batidas da cultura popular, do rap, da soul music e do samba, o projeto é composto por 5 canções.

Dêssa Souza cresceu em quintais de terra, com modas de viola tocadas ao vivo perto da fogueira por seu avô e tios-avôs. Nos bailinhos da família, ouvia Johnny Rivers ou Bee Gees direto dos vinis curtidos por seus pais, tios e tias.  Agora, misturando um tanto de sua alma interiorana com as batidas da cultura popular, do rap e da soul music, divulga seu primeiro EP, ‘Camadas’. 

Composto por 5 faixas, entre autorais e parcerias, registro apresenta essa que é uma mulher preta, mãe, artista, produtora, periférica, de sangue baiano-mineiro-negro-indígena, da poesia, do teatro, das descobertas constantes em torno da ancestralidade e bem mais.

Logo na abertura, ‘Meu Chão’ tem texto e som captados em casa pela própria cantora e sob orientação remota de Gago Ferreira, que trabalha a musicalização através de sons do cotidiano. “A proposta era desenhar algo intuitivamente e em seguida “ler” aquele desenho tal como uma partitura e executá-lo sonoramente. A porta veneziana do guarda-roupas virou um reco-reco e palmas com plásticos sendo amassados são o fundo musical do poema que tem vídeo acompanhando essa estreia“.

Em seguida, uma nova versão para ‘Dia de Vale’. “Esse som marcou a minha chegada no movimento de cultura da zona sul de São Paulo no ano de 2007. Foi gravada na coletânea do projeto Encontro de Compositores, do músico Gunnar Vargas, e desde então segue sendo tocada em saraus e festivais da Zona Sul. Apesar de já ter sido feita há 14 anos, continua muito atual e retrata o dia de trabalho de um homem e de uma mulher periférica“.

Ouça aqui: Dêssa Souza – Camadas (EP 2021) 

‘Afago à Distância’ foi inspirada em uma série de encontros para dançar ou assistir danças virtualmente no projeto Corpo Hospedeiro, realizado pela bailarina Maytê Amarante. A melodia traz um sambinha simples, com base eletrônica e vibrante, em uma tentativa de carinho para o momento de saudades e tristeza coletiva causadas pela pandemia de Covid-19.

Em ‘Rio Mulher’, Dêssa faz uma saudação às forças femininas que vieram antes e que abriram tantos caminhos pra que, agora, mulheres possam ser o que quiserem. “Essa foi escrita em parceria com o bailarino e ator Ton Moura, como parte da dramaturgia do espetáculo que está em construção pelo Bando Trapos, coletivo que participo”.

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