O rapper R.Diop lançou o clipe de Quando o Morro Descer, que transforma em imagens potentes a luta por ocupar territórios historicamente negados à favela. Gravado no Vidigal, o videoclipe urbano e visceral já está disponível no seu canal oficial no YouTube.
Inspirado pelo clássico samba “O Dia que o Morro Descer”, de Wilson das Neves, Diop constroi um rap ácido e cheio de reflexão. A música nasceu de uma experiência pessoal ao observar a discrepância entre a realidade do Morro do Guarani, no Complexo de Mali, e os bairros nobres da zona sul carioca.
“A motivação veio da vontade de vencer e mudar minha realidade. O sentimento que quis passar é o de poder ocupar espaços que infelizmente não somos bem vindos pela nossa origem, situação social e principalmente a cor da nossa pele, mostrar pros que insistem em dizer que nós favelados não podemos estar presentes em áreas nobres e próximas aos cartões postais, que não só podemos como vamos estar presentes, provando assim que o morro vai descer, não importa o quanto tentem nos privar disso”, afirma o artista.
O single mistura o peso do drill com a raiz do samba para transmitir uma mensagem de conquista, resistência e pertencimento. A composição reflete o enfrentamento interno contra a crença de que determinados lugares “não são para nós” — ideia muitas vezes perpetuada tanto pela estrutura social quanto dentro da própria comunidade.
A produção musical ficou por conta de Chrysbxd, que criou uma batida firme e sombria para dialogar com o sample de samba escolhido. O videoclipe, dirigido por Xima com assistência da Eufena e captação de Jota, aposta numa estética de rua, explorando a movimentação natural da favela e valorizando a beleza crua dos becos e vielas.
“Esse trabalho consolida a estética que comecei no meu último lançamento: a fusão entre rap, drill e samba. É uma assinatura que carrega toda minha história e identidade artística. Cada faixa, cada verso, traz um pedaço da minha vivência e do que acredito como arte. O samba não é só ritmo pra mim, é linguagem, é resistência. E o rap é a maneira como transformo essas experiências em luta e poesia”, conclui.